terça-feira, 25 de outubro de 2011

Um organigrama dos 100 melhores livros de FC


Um organigrama de 3800x2300 pixels elaborado pela SF Signal que consolida a escolha dos melhores 100 livros de ficção ciêntifica votados por mais de 60000 leitores. A disfrutar plenamente aqui

domingo, 23 de outubro de 2011

"Postwar - a history of Europe since 1945", Tony Judt

Já o tinha lido uma vez. Relei-o agora com mais calma, procurando um ou outro tema, recuando para uma data e seguindo as suas consequências anos depois.
“Postwar - a history of Europe since 1945” de Tony Judt é um grandioso mural da Europa saída de duas mortíferas guerras até aos anos mais recentes. Os nossos momentos altos e as nossas imbecilidades estão aqui todas retratadas.
A memória do homem é como a memória dos mais idosos: recorda com mais facilidade acontecimentos distantes no seu passado do que acontecimentos recentes. O que acontece hoje parece ter saído do nada. Junta-se a isto a iliteracia galopante. Ainda hoje da mesa do meu café de domingo ouvia uma discussão entre dois homens, entre os 30 e 40 anos, acerca de saber se o 25 de Abril tinha sido em 1974 e 1975.
“Postwar” põe essa memória á nossa frente. Nele encontramos as razões para as erradas ladainhas que hoje somos bombardeados diariamente.
Os anos do renascimento da Europa são admiravelmente expostos: os milhões de mortos, a destruição maciça de países inteiros, as multidões a vaguearem por um continente calcinado; a questão de saber o que fazer com aquele enorme país derrotado ocupando o centro da Europa; a passagem da ideia americana de fazer da Alemanha um país agrícola impedindo o seu crescimento industrial á criação do Plano Marshall; o declínio da Inglaterra como super-potência mundial e o seu arrastar por longos anos de penúria; a posição revanchista da França; o desenrolar da Guerra-fria e a lenta queda da URSS e dos seus países satélites; os 30 anos dourados europeus, etc.
A lenta destruição da industria pesada europeia e da agricultura tradicional e o crescimento dos sectores terciários e do capital financeiro nas suas diversas formas são temas que a Tony Judt vai retomando pendularmente ao longo da obra, bem como o paradoxo de altas taxas de crescimento do desemprego em períodos de crescimento económico, as fracturas religiosas surgidas, as fobias sobre a emigração.
São páginas bem claras as que o autor dedica á reunificação alemã dirigida por Kohl, as políticas adoptadas para a integração da antiga RDA e como o conjunto da Europa contribuiu para esse esforço enorme.
Judt não entra em grandes elucubrações filosóficas ou políticas. Enumera os factos, as diversas posições perante eles e as consequências das decisões. De forma simples tudo fica a nu.
Grande parte da obra é dedicada ás convulsões da queda do regime soviético e as suas consequências nos países que controlava e na opinião pública ocidental. Dedica também muitas páginas ao fenómeno recorrente em todas as mudanças de regime que é o de responsáveis pelas antigas ditaduras se reciclarem na nova atmosfera política em campeões de um liberalismo que enriquece os seus bolsos. E nunca é demais recordar a tragédia foi o desmembramento da antiga Jugoslávia.
A parte final da obra, como não podia deixar de ser, é dedicada á construção da União Europeia, das suas virtudes e malefícios e que hoje, como diria Astérix, nos parece que está a cair sobre as nossas cabeças.
É claro que existem outros historiadores contemporâneos admiráveis – recorde-se Hobsbawm e a sua “Age of Extremes” – mas este Postwar é uma obra capital nestes tempos de brasa que estamos a viver. É um espelho um nos podemos olhar e ao ver o nosso passado recente pensar como podemos criar um presente melhor.

Título: Postwar - a history of Europe since 1945
Autor: Tony Judt
Data: 2007
Editor: Pimlico
Pags: 933
ISBN: 9780712665643

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

TS Eliot prize 2011 shortlist revealed

TS Eliot prize 2011 shortlist revealed

Carol Ann Duffy pitted against Sean O'Brien, Alice Oswald and John Burnside for 'prize most poets want to win':  aqui


domingo, 9 de outubro de 2011

"The Gone-Away World", Nick Harkaway


Era uma vez um país – Addeh Kadir – algures encravado a norte dos Himalaias. Os seus habitantes tinham fugido dos movimentos pendulares de massacres e tratados dos seus países e das proibições sobre a ingestão de bebidas fermentadas impostas por Budistas, Muçulmanos, Cristãos e Hindus e pequenas seitas. Nas margens do Lago Addeh, dividiram a terra equitativamente e começaram a viver o mais sossegados que podiam, escolheram um membro da pequena nobreza, disseram-lhe para os governar sem os chatear muito. Foram ocupados pelo imperialismo inglês sem convulsões até que estes abandonaram o subcontinente em 1947. Anos mais tarde, o All Asian Investment and Progressive Banking Group, apoiado na Iniciativa para o Desenvolvimento que queria elevar todo o mundo acima do limiar de pobreza através do triunfo do capitalismo em larga escala, decidiu conceder-lhes um empréstimo. Nunca foi pedido pelos locais e nunca foi usado. Ficou no banco a render juros que todavia nunca cobriram a dívida que entretanto foi aumentando. No fim do empréstimo o Banco quis cobrar a dívida mas o Marajá disse que nunca tinham pedido nada nem nunca tinham usado nada. Não pagavam. O Banco avisou a NATO que Addeh Kadir era composta por cripto comunistas. O regime foi derrubado, um regime fantoche foi constituído, iniciou-se uma guerra civil em que um dos grupos, fiel ao antigo regime era dirigido por Zaher Bey. O nome do país foi esquecido para ser conhecido como Addeh Katir Problem.
Era um Teatro Electivo, uma espécie de paz hiper-violenta em que as pessoas morriam. Era uma não-guerra. Quando a coisa começa a tornar-se mais complicada é lançada uma arma secreta a Go Away Bomb, a mãe de todas as bombas, a bomba para fazer o inimigo Go Away. Mas afinal a bomba não era tão secreta como isso. Todos os países a tinham e num instante a maior parte do mundo desapareceu engolida pelo Stuff. A Go Away Bomb era um aspirador de informação, retirando-a da matéria e da energia. As questões conceptuais humanas tornaram-se físicas substituindo o mundo real pelos sonhos e pesadelos da humanidade.
Fugindo do caos, recolhidos pelas forças fieis a Zaher Bey, conhecemos os personagens principais. Sally Culpeper, Jim Hepsobah, Annie the Ox, Gonzo Lubitseh e o narrador da Go Away War.
Na sua fuga encontram uma engenhoca que vai instalando o Jorgmund Pipe, propriedade da empresa Jorgmund que lança a substancia FOX, a única capaz de conter o Stuff e o mundo que surge das suas sombras. Trabalham na engenhoca até o seu responsável ser substituído por uns tecnocratas para quem o que conta são o cumprimento de objectivos nem que isso seja feito á custa das mortes de alguns seres humanos.
Regressados á vida civil constituem o Haulage and Hazmat Emergency Civil Forebooting Company of Exmoor County, especializada no combate ao Stuff.
E mais não se pode contar do resto da história de “The Gone-Away World”, de Nick Harkaway, o seu primeiro romance. Seria quebrar as surpresas infinitas que iremos encontrar até á sua conclusão.
Escrita cristalina, com um subtil sentido de humor e um relato que introduz personagens fascinantes e surpreendentes, complots dentro de complots, cenas de intenso lirismo e um final imprevisível e avassalador.
Nick Harkaway, autor nascido na Cornualha é perito em artes marciais e trabalhou na indústria cinematográfica. O seu romance traduz isso claramente na construção de cenas que parecem saídas de um filme e das descrições de quase Matrixcianos  combates corpo-a-corpo. Ninguém é o que parece ao longo do romance e muitas vezes quase que somos obrigados a voltar atrás para confirmar se não nos enganámos no personagem. O Narrador da história vai tornar-se um clássico desta nova corrente da ficção científica a par de personagens clássicos como Valentine Michael Smith de “Um estranho numa terra estranha” de Robert A. Heinlein.
Quem ler “The Gone-Away World” nunca o irá esquecer.

Título: The Gone-Away World
Autor: Nick Harkaway
Editor: Windmill Books
Data: 2009
Pag.: 584
ISBN: 9780099519973