quarta-feira, 7 de setembro de 2011

"Why the West rules for now", Ian Morris

Enfrentar uma obra de análise global da história é sempre um desafio que exige coragem. Não apenas para os clássicos como o “Declínio e Queda do Império Romano” ou “Um Estudo de História” de Arnold Toynbee mas também para as obras de autores contemporâneos.
Destes autores da actualidade, algumas obras são verdadeiramente apaixonantes, como é o caso de “Guns, Germs and Steel”, de Jaared Diamond  (existe tradução em português)  .Releio-a de cada vez como se fosse uma primeira leitura.
Surgiu recentemente “Why the West rules for now – the patterns of history and what they reveal about the future”, de Ian Morris.
Ian Morris é um arqueólogo de formação, Professor de Classicismo e História na Universidade de Stanford mas adiciona ás suas análises históricas componentes de outras disciplinas. Sempre considerei a arqueologia uma espécie de caboucos da história. Sem eles o edifício não tem sustentação. Os anos mais recentes trouxeram descobertas e análises muito interessantes para o estudo de evolução da Humanidade. Pena é que muitos dos locais de grande riqueza arqueológica estejam inacessíveis por guerras ou regimes despóticos ou ainda, como é o caso da China, por a arqueologia apenas agora começar a dar passos mais largos e a libertar-se de algumas grilhetas ideológicas.
Esta obra procura fazer um estudo comparado do desenvolvimento do Ocidente e do Oriente, explicar a razão porque, excepto num período á volta do ano 1100, o Ocidente tem estado á frente do Oriente e analisar as perspectivas para o futuro.
“ It was maps, not chaps that took West and East down different paths” é a tese central de Morris. Desenvolve para a sua análise um modelo de Desenvolvimento Social ( a capacidade das sociedade para fazer as coisas) que assenta em 4 variáveis: a captação de energia, a organização/urbanização, a capacidade para fazer a guerra e a tecnologia de informação.
Para Morris a mudança é o resultado de tempos de desespero que pedem medidas desesperadas ás pessoas: a origem da agricultura, o aparecimento das cidades e dos estados, a criação dos diferentes impérios, a revolução industrial, etc. A relação entre a geografia e o desenvolvimento social é uma estrada de duas vias: por um lado, o ambiente físico modela as mudanças de desenvolvimento social, por outro as mudanças de desenvolvimento social modelam o significado do desenvolvimento físico. Cada época consegue o pensamento cultural de que necessita ditado pelos problemas que o desenvolvimento geográfico e social força sobre elas.
Numa linguagem plenamente acessível aos leigos dos vários períodos históricos, polvilhado com humor, e com constantes exemplos, vamos percorrer 16000 de evolução da Humanidade, os seus Invernos, as suas promissoras Primaveras e os seus verões de São Martinho. Ao longo destes milhares de anos vamos compreender as razões do predomínio do Ocidente, as razões porque á volta dos anos de 1100, o Oriente suplantou o Ocidente, as consequências da abertura das auto-estradas atlânticas e o encerramento das auto-estradas das estepes, até chegarmos aos dias de hoje.
Para alguns, a razão do predomínio do Ocidente sobre o Oriente radica apenas no facto de que o primeiro é racional e dinâmico enquanto que o segundo é obscurantista e conservador. Morris analisa contudo que em determinados períodos o inverso é que foi verdadeiro lembrando também que sociedades que foram progressistas e inovadoras, caso do mundo muçulmano, se voltaram para dentro de si mesmo e deixaram de responder aos estímulos.
Como é que no presente podemos olhar para o futuro. Irá o mundo ficar completamente Ocidentalizado ou completamente Orientalizado? Mais hierarquizado, mais iliberal, mais estatista?
A proposta para analisar o futuro é a mesma para analisar o passado: através do índice de desenvolvimento social.
Durante 14000 anos este índice cresceu 900 pontos e Morris afirma que nos próximos 100 anos vai crescer mais 4000 pontos! No sec. XXI o desenvolvimento social ameaça subir tão alto que mudará a o significado da biologia e da sociologia como as conhecemos. Vamos enfrentar a maior descontinuidade da História.
Poderemos evitar uma “Nightfall( nome de um famoso conto de juventude de Asimov) e as suas alterações climáticas, as suas epidemias  e as suas guerras? E se assim for somos capazes de conceber hoje as formas do que irá aparecer? Mais do que querer saber se será o Ocidente ou o Oriente a terem a predominância mundial importará conceber como a Humanidade irá enfrentar as radicais mudanças que o mundo anuncia.
É um livro com lugar marcado em qualquer estante de livros de História daqui para a frente.

2 comentários:

  1. Fiquei interessado. Raramente aparece um bom livro que seja realmente bom e coerente sobre este tema.

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  2. estou louca para ler este livro, ele ja esta traduzido para o portugues? quando chegara ao brasil?

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