Um do grandes livros de ficção
científica, um dos que “tem que ser lidos” por todos aqueles que são
apreciadores do género.
Datado de 1955 é agora publicado
novamente pela Phoenix Pick.
Leigh Brackett é uma escritora prolífera,
não apenas na ficção cientifica, mas também em histórias de mistério e
detectivescas. Escreveu inúmeros guiões para filmes, muitos dos quais com John
Wayne. Os seus escritos na área da ficção científica foram reconhecidos com a
atribuição do Hugo Award de 1980, em co-autoria com Lawrence Kasdan, ao guião
para “Star Wars Episode V – The Empire Strikes Back”.
Mas a sua obra maior é “The long
tomorrow”. À semelhança de muitos romances pós-apocaliptícos da época, situa-se
numa sociedade rural americana depois de uma catástrofe nuclear. Talvez que as
histórias pós-apocaliptícas deste sec. XXI já não venham baseadas em sociedades
nascidas depois do desastre nuclear mas nas sociedades nascidas depois das
crises financeiras e das desesperadas multidões de milhões de desempregados.
“Nenhuma cidade, nenhuma vila, nenhuma comunidade com mais de mil
pessoas ou duzentos edíficios por milha quadrada será construída ou permitida
que exista nos Estados Unidos da América.”, afirma-se na 13ª Emenda da
Constituição desta América rural e teocrática nascida do desastre nuclear.
Sobreviveram os que já viviam afastados do
grandes centros populacionais, da modernidade e dos produtos oferecidos pelo
desenvolvimento económico, sociedades do tipo dos Amish, vivendo da terra, das
ferramentas mais simples, recusando os auxiliares mecânicos e electrónicos.
O cimento que agrega estas
comunidades Mennonites é o medo de que a sociedade da Bomba renasça. Vive-se na
escuridão, temendo o passado e os tabus impendem sobre os conhecimentos que
levaram ao desastre.
Mas como acontece em todas as
sociedades teocráticas e repressivas existem sempre aqueles que querem quebrar
os tabus e fazer renascer outros tipos de vida. É o que acontece a Len e a Esau
Colter que, por circunstâncias diversas, acabam por fugir da comunidade onde
vivem e procurar a mítica Bartonstown onde se vive como antes e todos os
conhecimentos estão ao alcance de todos.
Ajudados por membros de
Bartonstown, percorrem a América onde constatam que manter uma sociedade com
aquelas regras rígidas só pode ser conseguido através repetidos actos de
violência porque há sempre alguém que procura outros caminhos e não quer mater
os espartilhos que são impostos.
Len e Esau partiram unidos no
objectivo comum da fuga e da procura mas a pouco e pouco vão-se separando daquilo
que querem da vida. Bartonstown vai ser encontrada finalmente mas a utopia vai
revelar-se rapidamente como uma sociedade tão repressiva e obsessiva como
aquela que abandonaram.
É a permanente procura pela
novidade, pelos novos horizontes, pelas outras maneiras de pensar, com o romper
com a manutenção do status-quo que caracteriza a Humanidade que estes dois
personagens representam. Escrito num estilo bucólico, onde rompem
repentinamente amores, ódios, violência e traições, este é um romance notável.
É todo o espírito humano que vamos descobrindo ao longo destas páginas.
E quando nos perguntarem pela
grandes obras da ficção cientifica e começar-mos a enorme o “A Canticle for
Leibowitz”, “Camp Concentration” ou “Stand on Zanzibar” não podemos deixar de
citar este “The Long Tomorrow”.
Título: The Long Tomorrow
Autor: Leigh Brackett
Editor: Phoenix
Pick
Data: 1955
Pags: 201
ISBN: 9781612420134
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