Um círculo completo, não perfeito, mas completo, é o que
podemos dizer acerca da história da Ordem dos Cavaleiros Teutónicos.
Henry Bogdan, neste seu “Les Chavalier Teutoniques”,
desenha-nos este círculo ao longo de vários séculos.

A selecção de um frade originário da Turíngia – Hermann von
Salza – para grão-mestre da Ordem vai dar um enorme impulso á já então poderosa
Ordem. Os dotes diplomáticos deste frade irão exercer-se durante largos anos
entre o Império Alemão e o Papado.
Mas se bem que a partir do seu castelo de Monfort
(Franc-Chastiau) na Terra Santa, a Ordem é aí uma potência, Salza apercebe-se
desde cedo que os futuro tenderá a favor dos árabes na região e começa a
procurar outros destinos para a Ordem.
E é nas fronteiras leste da Europa, que esse destino vai ser
encontrado.
Fiel á máxima de não colocar todos os ovos no mesmo cesto,
Hermann von Salza, aproveita uma oportunidade de estabelecer a Ordem na
Hungria, aceitando a oferta de André II da Hungria para ocupar um imenso espaço
na zona da Transilvânia. Pela mão dos Teutónicos estas terras quase desabitadas
irão ser povoadas de colonos alemães e salpicadas de construções militares para
enfrentar as ameaças nas fronteiras. Este Burzenland vai, pela mão dos
Cavaleiros, constituir-se quase num estado dentro do Estado Húngaro. Em 1225,
todavia, cansado de ver o poder e os privilégios obtidos pela Ordem, será o
próprio rei da Hungria que os irá afastar do reino.
O modelo seguido na Hungria – povoamento por colonos
alemães, construção de castelos em pontos estratégicos – será aplicado numa
escala ainda maior num novo território – a Prússia – a partir de 1230.
Na terra dos pruss,
a Ordem vai ser a ponta de lança contra as diversas tribos lituanas da região.
Serão anos e anos de ferozes combates contra as tribos locais, ao abrigo da
“evangelização” cristã, mas no inicio do sec. XV estará atingido o apogeu da
Ordem Teutónica, um estado dirigido por homens de Deus que são simultaneamente,
frades e soldados.
Henry Bogdan dá-nos uma descrição muito detalhada da
constituição deste estado e da forma de organização da Ordem que lhe permitiu
controlar a colonização desta nova fronteira leste da Europa e intervir como
parceiro muito activo no comércio através da Liga Hanseática.
E é o desenvolvimento desta burguesia das cidades nascidas
do imenso comércio da região do Báltico que vai gerar as primeiras contradições
com a Ordem, demasiado presente em todas as actividades. Mas será com o
aparecimento do imenso Estado Polaco- Lituano que a Ordem enfrentar os mais
duros combates que irão pôr em causa a sua própria existência.
Ao longo de interessantes páginas, o autor vai-nos relatando
como também o estabelecimento da reforma luterana nos estados alemães e na
região vai socavar os alicerces da Ordem.
Correm os séculos e Ordem dos Cavaleiros Teutónicos vai
definhando, atravessando, cada vez mais débil, a Revolução francesa, Napoleão e
o desaparecimento do Império Austro-Hungaro.
Vamos encontrá-los na I Guerra Mundial a exercer a vocação dos primeiros
cavaleiros na Terra Santa: o socorro aos feridos de guerra dos dois lados do
conflito.
É ligados, como Ordem Clerical dos Irmãos Alemães de Santa
Maria de Jerusalém, que no fim do sec. XX, os vamos encontrar. O fecho do
círculo.
Interessante e útil livro sobre a história desta Ordem menos
conhecida do que a dos Templários e dos Hospitalários e, principalmente, sobre
a evolução histórica desta zona da Europa, ainda hoje perdida nos imensos
nevoeiros dos séculos, para muitos europeus ocidentais.
Título: Les chevaliers teutoniques
Autor: Henry Bogdan
Editor: Perrin – tempus nº15
Data: 2002
Pags.: 228
ISBN: 9782262018917
Sem comentários:
Enviar um comentário