quarta-feira, 20 de julho de 2011

Criatura nº5 - revista de poesia

Já tinha ouvido falar dela várias vezes. Tinha até tentado ir ás livrarias da Faculdade de Letras de Lisboa para a comprar mas diversos ataques de preguiça tinham frustrado essa compra. Até que um dia a encontrei na Fnac.
Chama-se “Criatura” – o seu sítio é este - esta revista de poesia. Reporto-me ao número 5, o mais recente. É editada pelo “Núcleo Autónomo Calíope da Faculdade de Direito de Lisboa”.
Abrir um livro e poesia cujos poetas se desconhecem é sempre fascinante. Quando agarramos um poeta conhecido, mesmo que nunca o tenhamos lido, estamos sempre sujeitos a uma leitura ligeiramente influenciada pela sua popularidade. Com os desconhecidos é sempre uma excitante aventura.
Como diz Roger Wolfe, um dos poetas da colectânea, “Poemas’/alguns funcionam/outros não./Se o que queres é uma garantia,/ então compra uma televisor.”.
Novíssimos poetas de diferentes sensibilidades, o que mais sentimos é a qualidade que atravessa todos os seus catorze poetas.
São poemas da nossa contemporaneidade, dos nossos tiques urbanos e dos nossos anseios: “Como todos os negócios com direito a um espaço comercial,/ o nosso afecto ocupava o tempo de antena da primavera,/ os bancos do cinema King,/ o lugar estratégico das estrelas,/ o vazio da Web e o mal estar das massas”.
Nesta “Criatura” estão representados poetas já com obra publicada e outros que ainda a não se estrearam com obra própria mas isso não podemos deduzir ao longo da leitura. Poesia do nosso descontentamento? O que encontramos é uma poesia dos restos que ficam dos nossos dias que passam “ em chamadas e recados e tarefas”.
Esta é verdadeiramente, como dizia a saudosa, poesia para se comer, com sabor e cheiro a pão fresco, acabado de cozer.
Uma capa negra, uma estrutura sóbria e misteriosa, esconde a intensa luminosidade dos poemas.

Criatura nº5
Núcleo Autónomo Calíope da Faculdade de Direito de Lisboa
Direcção de Ana M. P. Antunes, David Teles Pereira e Diogo Vaz Pinto
Pag. 153
ISBN 9789899592131

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