sábado, 9 de julho de 2011

Un Lun Dun

No expositor da livraria estavam dois livros de China Miéville que ainda não tinha lido: "King Rat" - o seu primeiro livro - e "Un Lun Dun". Por razões de que não recordo " Un Lun Dun" nunca me tinha despertado interesse mas foi este que comprei.

Nunca se deve comprar um livro quando se está cansado. Não lê-mos com atenção as capas e as contra-capas, as badanas e alguns excerptos. O grafismo no livro passa demasiado depressa pelos sentidos. Todavia comprei-o.

Em casa, quando li a primeira página tive um choque: um livro para jovens! Mas já que o tinha na mão porque não começar a lê-lo. Percorridas as primeiras páginas já tinha sido sugado pelo remoinho da escrita fantástica de China Miéville.

Duas jovens raparigas londrinas vêem-se transportadas para uma reflexo de Londres, uma Un-Londres. Aí encontram autocarros de dois andares que voam e se transformam, com homens que têm uma cabeça que é uma gaiola de um pássaro, pontes que, como os arco-íris, não se sabe onde começam e acabam. São envolvidas numa luta contra o Smog que, derrotado na Londres que conhecemos, se dispõe a conquistar a Un-Londres. Alianças estabelecem-se e quebram-se; heróis em não heróis para serem substituídos por outros; entre os dois mundos cruzam-se espiões e desenvolvem-se traições ao mais alto nível nos dois mundos.

Miéville vive em Londres e é a Londres que está sempre presente nos seus romances mesmo naqueles passados em estranhos universos como é o caso do fabuloso "Perdido Street Station". Londres com os seus diferentes locais, pessoas e maneiras de falar. Londres como um universo bem mais complexo do que a mais publicitada Nova York.

"Un Lun Dun" arrastou-me para a memória dos livros fantásticos que lia enquanto jovem - A história de Dona Redonda e sua gente - e que ainda hoje recordo com saudade. "Un Lun Dun" é como se a escrita de Miéville tivesse sido reduzida á sua expressão mais simples, como se uma complexa equação nos aparecesse apenas na beleza do seu gráfico.

É um prazer de leitura para os jovens mas talvez ainda mais para os adultos que recordam as tardes passadas com as suas leituras de juventude. Como um bom livro para jovens as ilustrações que nele são incluídas são maravilhosas. Ainda bem que estava cansado naquele dia em que o comprei.

(China Miéville vive em Londres e é autor de "Perdido Street Station", "The City and the City", EmbassyTown", entre outros.)

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