domingo, 9 de outubro de 2011

"The Gone-Away World", Nick Harkaway


Era uma vez um país – Addeh Kadir – algures encravado a norte dos Himalaias. Os seus habitantes tinham fugido dos movimentos pendulares de massacres e tratados dos seus países e das proibições sobre a ingestão de bebidas fermentadas impostas por Budistas, Muçulmanos, Cristãos e Hindus e pequenas seitas. Nas margens do Lago Addeh, dividiram a terra equitativamente e começaram a viver o mais sossegados que podiam, escolheram um membro da pequena nobreza, disseram-lhe para os governar sem os chatear muito. Foram ocupados pelo imperialismo inglês sem convulsões até que estes abandonaram o subcontinente em 1947. Anos mais tarde, o All Asian Investment and Progressive Banking Group, apoiado na Iniciativa para o Desenvolvimento que queria elevar todo o mundo acima do limiar de pobreza através do triunfo do capitalismo em larga escala, decidiu conceder-lhes um empréstimo. Nunca foi pedido pelos locais e nunca foi usado. Ficou no banco a render juros que todavia nunca cobriram a dívida que entretanto foi aumentando. No fim do empréstimo o Banco quis cobrar a dívida mas o Marajá disse que nunca tinham pedido nada nem nunca tinham usado nada. Não pagavam. O Banco avisou a NATO que Addeh Kadir era composta por cripto comunistas. O regime foi derrubado, um regime fantoche foi constituído, iniciou-se uma guerra civil em que um dos grupos, fiel ao antigo regime era dirigido por Zaher Bey. O nome do país foi esquecido para ser conhecido como Addeh Katir Problem.
Era um Teatro Electivo, uma espécie de paz hiper-violenta em que as pessoas morriam. Era uma não-guerra. Quando a coisa começa a tornar-se mais complicada é lançada uma arma secreta a Go Away Bomb, a mãe de todas as bombas, a bomba para fazer o inimigo Go Away. Mas afinal a bomba não era tão secreta como isso. Todos os países a tinham e num instante a maior parte do mundo desapareceu engolida pelo Stuff. A Go Away Bomb era um aspirador de informação, retirando-a da matéria e da energia. As questões conceptuais humanas tornaram-se físicas substituindo o mundo real pelos sonhos e pesadelos da humanidade.
Fugindo do caos, recolhidos pelas forças fieis a Zaher Bey, conhecemos os personagens principais. Sally Culpeper, Jim Hepsobah, Annie the Ox, Gonzo Lubitseh e o narrador da Go Away War.
Na sua fuga encontram uma engenhoca que vai instalando o Jorgmund Pipe, propriedade da empresa Jorgmund que lança a substancia FOX, a única capaz de conter o Stuff e o mundo que surge das suas sombras. Trabalham na engenhoca até o seu responsável ser substituído por uns tecnocratas para quem o que conta são o cumprimento de objectivos nem que isso seja feito á custa das mortes de alguns seres humanos.
Regressados á vida civil constituem o Haulage and Hazmat Emergency Civil Forebooting Company of Exmoor County, especializada no combate ao Stuff.
E mais não se pode contar do resto da história de “The Gone-Away World”, de Nick Harkaway, o seu primeiro romance. Seria quebrar as surpresas infinitas que iremos encontrar até á sua conclusão.
Escrita cristalina, com um subtil sentido de humor e um relato que introduz personagens fascinantes e surpreendentes, complots dentro de complots, cenas de intenso lirismo e um final imprevisível e avassalador.
Nick Harkaway, autor nascido na Cornualha é perito em artes marciais e trabalhou na indústria cinematográfica. O seu romance traduz isso claramente na construção de cenas que parecem saídas de um filme e das descrições de quase Matrixcianos  combates corpo-a-corpo. Ninguém é o que parece ao longo do romance e muitas vezes quase que somos obrigados a voltar atrás para confirmar se não nos enganámos no personagem. O Narrador da história vai tornar-se um clássico desta nova corrente da ficção científica a par de personagens clássicos como Valentine Michael Smith de “Um estranho numa terra estranha” de Robert A. Heinlein.
Quem ler “The Gone-Away World” nunca o irá esquecer.

Título: The Gone-Away World
Autor: Nick Harkaway
Editor: Windmill Books
Data: 2009
Pag.: 584
ISBN: 9780099519973

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