terça-feira, 12 de julho de 2011

"Surface Detail", Ian M. Banks

Não se espera o grande Canon filosófico, nem novas especulações existenciais. É uma Space Opera: infinitos universos, seres estranhos, naves acima da velocidade da luz, buracos negros, explosões de plasma, heróis singulares. É disto que estamos a falar em “Surface detail”, de Ian M. Banks.
È um romance de ficção cientifica integrado no ciclo Culture. As outras, num ciclo que já vai quase nos vinte anos,  são: “Consider Phlebas”, “ The Player of Games”, “The State of the Art”, “Use of Weapons”, “Excession”, “Inversions”, Look to Inward”, e “Matter”.
Estou sempre de pé atrás perante qualquer autor recente prolífero na sua produção. Mas Ian M. Banks já há muito é autor consagrado neste género.
A teoria da história das civilizações como uma evolução contínua para o progresso não funciona aqui. Nestes mundos de neo-humanos, estranhos seres e máquinas sencientes vamos encontrar os mesmos vícios, defeitos e maravilhas da humanidade como a conhecemos: desejos por outras vidas, traições, vinganças.
Esta história procura percorrer alguns caminhos que assentam na realidade actual dos avatares, dos jogos virtuais com vários jogadores, dos grandes impérios ditatoriais dos buscadores informáticos, das nuvens da Internet e dos cada vez mais gigantescos servidores para alojar a informação.
Veppers, um ditador de uma civilização menor, cuja fortuna foi feita á conta da industria dos jogos virtuais, senhor de inúmeros planetas e aspirante a novas conquistas, assassina Lededge, mulher que transformou numa das suas concubinas e mascote. Ela é recreada numa nave pertencente á evoluída sociedade “Culture”.
O seu desejo de vingança acontece num momento em que decorre uma guerra no mundo virtual entre os defensores de um Inferno virtual e os que defendem as outras vidas como uma sucessão de paraísos, lado em que se encontra a Culture
Como em todas as guerras vamos encontrar veteranos agentes duplos de inúmeras batalhas, alianças temporárias, abundantes traições, vários serviços secretos especializados e a habitual “inteligência” militar.
Só que a luta entre a facção dos diversos Infernos e a que se lhes opõe está prestes a passar para o mundo Real, onde as guerras são meras recordações passadas e as antigas máquinas de combate estão recicladas para outras funções.São estas naves, inteligentes e com personalidades próprias que vão evitar que isto aconteça.
O  livro está repleto de cenas de sadismo atroz, que se desenrolam nos diversos infernos virtuais, alternando com cenas de humor delicioso. Veja-se o nome das naves: “Sense amid madness, wit amonst folly”, “ Bodhisattva”, “Me, Im counting”, “The usual but etymologically unsatisfactory”, “Falling outside the moral constrains”.
No meio de tanta acção e imaginação também vamos encontrar alguns tropeções como personagens que parecem surgir apenas para encher algumas páginas e alguma adjectivação excessiva. Mas como boa Space Opera voamos por muitas horas de entusiasmante aventura e fechamos o livro a pensar qual será o destino do que hoje estamos a criar nas realidades virtuais que cada vez mais habitamos. Venha uma nova ou vamos ás precedentes que ainda não tenhamos lido.

Surface Detail
Ian M. Banks
2010
Orbit books
Paperback
Pag. 627
ISBN 9781841498959

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