
Que tipo de história se poderia esperar de uma mulher que vive numa casa com diversos gatos, filmes de terror, comics e livros sobre doenças terríveis, dirige cursos de virologia e dorme com uma machadinha debaixo da almofada? Um romance sobre Zombies, claro!
“Feed”, á parte um capítulo inicial sobre um ataque de Zombies e outras cenas semelhantes, não é propriamente um romance em que os zombies são personagens centrais. Eles são o pano de fundo em que o tema se desenvolve.
Numa daquelas situações em que a humanidade quer ser mais esperta do que qualquer Criador, um vírus é libertado que transforma em zombie qualquer mamífero acima de um determinado peso.
Um grupo de jovens bloggers é convidado para acompanhar um dos candidatos republicanos americanos nas primárias e depois na corrida presidencial.
O thriller que se desenvolve envolve os habituais complots pelos derrotados e grandes poderes, traições imprevisíveis, acção em grandes doses e mortes heróicas.
“Feed” lê-se com desenvoltura e agrado mas sempre com a sensação que muito mais poderia ter sido tentado.
Numa sociedade que tem de viver com gigantescas medidas securitárias como ficam os direitos, liberdades e garantias dos cidadãos. Quais são os grandes temas da sociedade pré-zombie que desapareceram e quais os que apareceram para os substituir? O gigantesco folclore das campanhas presidências americanas pode continuar a existir ou tem de dar lugar a outras formas de comunicação e angariação de fundos?
Alguns destes temas surgem ao longo desta acção política que vai atraindo o leitor. As personagens, talvez demasiado previsíveis, são todavia muito emocionais. A tão debatida questão de saber se a imprensa tradicional vai substituída pelos bloggers com a sua parafernália tecnológica é também um dos temas centrais do livro que curiosamente mostra a eterna procura dos índices de audiência e de vendas transportada agora para o mundo da internet.
São os homens os verdadeiros vilões da história e não os zombies. Estes são apenas as novas armas nas mãos dos que procuram a conquista do poder por qualquer meio.
Este é o primeiro volume desta trilogia de Mira Grant. Aguardemos para ler os restantes e ver se a autora consegue manter uma acção aditiva com personagens menos estereotipados e previsíveis e se surgem temas mais desenvolvidos neste nova sociedade de infectados pelo vírus.
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