quinta-feira, 22 de setembro de 2011

“La prospérité du vie – une introduction (inquiete) à l’économie”, Daniel Cohen


Devo reconhecer que o subtítulo o diz com clareza – “Introdução” – mas mesmo assim esperava mais deste “La prospérité du vie – une introduction (inquiete) à l’économie”, de Daniel Cohen. Talvez as expectativas fossem demasiado altas ou talvez por ter acabado de ler uma outra obra sobre o mesmo tema bem mais interessante, achei esta um pouco fraca.
O que ela procura mostrar é que um fantasma percorre o Ocidente. O fantasma do declínio do domínio do Ocidente e o receio do crescimento do Oriente e dos países emergentes. É um tema que tem sido analisado em inúmeras obras, cada uma das quais aponta diferentes perspectivas e soluções.
Daniel Cohen analisa, em traços gerais, o desenvolvimento económico da humanidade. Relembra alguns pontos centrais, por vezes muito esquecidos, de alguns períodos históricos: o pragmatismo social e não tecnológico dos Romanos e a sua sociedade composta de 35% de escravos em Itália, o crescimento do rendimento per capita que foi multiplicado por três entre o período medieval e o sec. XVIII ou o período sangrento entre os meados do sec. XVI e os meados do sec. XVII.
No decorrer da descrição da evolução do mundo Ocidental surgem as referências aos autores económicos que moldaram cada época: Adam Smith, Malthus, Schumpeter, Keynes, etc. Talvez pouco desenvolvidos para a importância que tiveram em cada época no desenvolvimento das análises económicas.
O desenvolvimento da China e a Índia é também abordado, de forma interessante, questionando as contradições que o seu desenvolvimento vai fazendo surgir. Uma questão que o autor coloca é a de saber se é possível aplicar o modelo económico ocidental, amplamente consumista, a uma população de 1,45 mil milhões de chineses (em 2030). Se viessem a ter o índice de 3  carros por cada 4 pessoas, como no Ocidente, a área dedicada e as infra-estruturas necessárias á acessibilidade e a estacionamento ultrapassaria a área actualmente atribuída á cultura do arroz.
O autor recorda também pontos significativos para as análises da actual crise, como o a utilização do crédito para compensar a queda dos salários reais apesar dos aumentos de produtividade; o preço baixo dos produtos de consumo, criando a “economia do desperdício” e a sua contradição com os limites geológicos do planeta. Salienta também a transformação feita pelos accionistas das empresas dos prémios de carreira em prémios indexados aos valores bolsistas, as consequências da “subcontratação” crescente e o aparecimento de veículos e artifícios que deram um crescimento descontrolado ao capital financeiro, financiando a crédito operações de alto rendimento sem mobilização de fundos próprios.
Publicado em 2009, o livro tem necessariamente de deixar de fora todo o desenvolvimento da crise de 2008 e as perspectivas para a analisar de forma detalhada.
É leitura interessante, uma voz preocupada com o nosso futuro e com outras questões que não as meramente económicas. Apesar da ausência de uma completa bibliografia, aponta durante os diversos capítulos, alguns autores que podem ser outras leituras interessantes.
Apesar das características simples da obra foi uma leitura enriquecedora.

Título: "La prospérité du vice-une introduction (inquiète) à l'économie"
Autor: Daniel Cohen
Editora: Le livre de poche
2009
Pag. 313
ISBN: 9782253159650

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